DIARIO ABERTO prt.2
As vezes sinto que algo não está no seu lugar.
Como uma pessoa que sofre de TOC, meu corpo se acomete de aflição.
Algo se faz deslocado, mas meus olhos não veem, apenas intuo.
Não acho que está errado, apenas sinto que não é apropriado.
Como um filhote de tubarão que cresceu em um cardume de peixes, achando que existe algo errado em si .
O ponto talvez seja que nós não conhecemos nossa verdadeira natureza, subestimamos nossa própria força, não sabemos nosso lugar no mundo.
Como na historia do leão que desistiu de si, e por consequência toda história se desorganiza.
Na sinfonia da vida, quando trocamos a partitura o mesmo acontece.
A melodia pede afinação, como também de compasso e paixão.
Um músico vazio de amor, não se destaca mais que um rádio.
A perfeição não está na ausência das falhas, e sim na intensidade de vida, do ato espontâneo de existir.
Na complexidade dos nós cegos, que alimentam o inconformismo.
Na penumbra dos labirintos sem saída, que reside a esperança.
Nos corações abandonados , que reside em si o afeto incondicional.
A vida é como a luz de um farol para um navio recém naufragado, onde mesmo a beira da morte, resistirá em meio a tormenta por um feixe de luz, indicando a saída.
Nos tempos atuais, não ensinam a nadar, e por consequência vemos a onda que nos puxa para praia como uma vilã que existe para nos afogar .
Então nadamos com todas nossas força em direção a ilha prometida(felicidade) e e aos poucos cansamos, ao ponto de desejar a morte, quando na verdade desejamos por fim a nossa angústia .
Sufocado pela própria crença e pelo medo .
Repudiamos o mar por ser frio, e o sol por ser quente.
Envolvemos o mundo em nosso preconceito, e vemos a partir de nós mesmos, apontando o dedo sempre a sombra que se projeta a nossa frente, sem se tocar que ela é uma extensão nossa .
Assim sendo, encontre a si mesmo, só assim encontrará seu lugar.
Não se engane tu pode velejar pelos 7 marés, mas a bússola sempre apontará o que você mais deseja, quando na verdade o que tu mais precisa é de você .
O mesmo sol que nasce é o mesmo sol que se põem, o mesmo vento que te esfria é o mesmo vento que te aquece, o mesmo mar que afoga é o mesmo mar que trás o peixe, a terra que amadurece, nutre, da fruto e flor, é a mesma que apodrece, desfaz e retorna ao começo .
Em suas diferentes formas, os opostos se revelam, e se contradizem , estamos sujeitos a transformação dos ciclos que iniciam e encerram.
Onde o início é o fim, o diferente é o igual , a tormenta é a calmaria, expresso pelo som do silêncio do indizível .
Aquilo que transcende a lógica, a lei do tempo, o ciclo da vida, e ao mesmo tempo permeia tudo que é e não é !
BORGERIANO